11 junho 2008

Idosos: Saúde da Família vai identificar violência

O Ministério da Saúde está formando cuidadores nas escolas técnicas em saúde e preparando equipes do Saúde da Família para identificar situações de violência em idosos. Ainda de olho nos que acompanham pessoas da terceira idade, na manhã de quarta-feira (11), durante a abertura do Seminário Nacional sobre Violência e Saúde na Velhice, no Hotel Grand Bittar, em Brasília (DF) o ministério lançou o Guia do Cuidador para profissionais de saúde e leigos.
“Queremos dar apoio também aos cuidadores e fazer com que eles adquiram conhecimento e sejam cuidados pelas equipes de saúde”, diz José Luiz Telles, coordenador da área técnica de saúde do idoso do ministério.
No Brasil, os idosos somam 18 milhões de pessoas (9,6% do total de brasileiros), compondo a sexta maior população do mundo na terceira idade. Entre aqueles com mais de 100 anos, já são 11.422 indivíduos. Mas apenas 25% deles ganham mais de três salários mínimos. Os dados são da pesquisadora da Fiocruz Maria Cecília Minayo.
“Os idosos merecem um olhar especial. Eles, por si só, já vivem situações que predispõem à violência. No Brasil, ser idoso e pobre é uma situação dramática”, disse o secretário de atenção à saúde, José Noronha, durante a abertura do encontro.
Os números podem ser comprovados pela pesquisa realizada na Universidade Federal da Bahia, por Maria do Rosário Menezes. O estudo apresentado no seminário mostrou que, de um grupo de 810 vítimas idosas de violência (574 mulheres e 236 homens), 640 eram pobres, 134 de classe média baixa, 25 da média e 11 da média alta.
Independente de classe, a violência em idosos dever ser vista como uma questão de saúde, tendo em vista o grande número de internações e os graves riscos de óbito. As violências e os acidentes constituem 3,5% dos óbitos de pessoas idosas. No Brasil, 27% das internações dos 93 mil idosos são em decorrência de violência e agressões. As agressões que chegam ao SUS são principalmente as explícitas, mas há ainda outros tipos.
“As principais violências são aquelas invisíveis, muitas vezes um gesto, uma palavra agressiva, um motorista de ônibus que não pára ao sinal do idoso ou que arranca imediatamente após a subida desta pessoa”, explica o coordenador de Saúde do Idoso, José Luiz Telles. Segundo ele, a sociedade precisa estar preparada para lidar com estas questões, pois a cada ano a população idosa é maior.
“Em 1900, a expectativa de vida era de 30 anos. De 1991 a 2000, a população idosa cresceu duas vezes e meia mais que a jovem. A cada ano, 600 mil indivíduos entram na terceira idade”, concluiu Maria Cecília Minayo.

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